segunda-feira, 19 de abril de 2010
OBRA LITERÁRIA INFANTO-JUVENIL DE JORGE RIZZINI
IRACEMA SAPUCAIA RIZZINI FALA SOBRE A OBRA LITERÁRIA INFANTO-JUVENIL DE JORGE RIZZINI
Nesta segunda parte da entrevista, Iracema Sapucaia Rizzini, pedagoga e escritura de livros infantis, apresenta recordações de acontecimentos relevantes que marcaram a vida de seu esposo.
Iracema Sapucaia, como participante e testemunha ocular das realizações de Jorge Rizzini, dignou-se a documentar as suas lembranças, falando, nesta oportunidade, sobre a obra literária infanto-juvenil de Jorge Rizzini.
GEZIEL: Como foi o início da fase de Jorge Rizzini na literatura?
IRACEMA SAPUCAIA: Posso dizer que teve dois extremos. Se, por um lado, teve a capacidade de escrever uma série de livros para crianças e juventude: “Carlito e os Homens da Caverna”; “Histórias de Dona Santinha”; e “A Vida de Monteiro Lobato” (biografia romanceada); por outro lado, escreveu, em 1957, o “Beco dos Aflitos”. Trata-se de um livro de contos tenebrosos e amargos que mais parecem vivenciados em submundos. No entanto, essa obra o fez merecedor do ‘Prêmio Fábio Prado”.
Além desses livros, publicou muitos outros.
OS LIVROS INFANTO-JUVENIS DE JORGE RIZZINI
GEZIEL: O que levou Jorge Rizzini a escrever e publicar seus livros infanto-juvenis?
IRACEMA SAPUCAIA: Lembro-me de que, a partir dos 27 anos de idade, isto é, em 1951, Rizzini começou a sentir impulsão para escrever livros para a infância e a juventude.
O primeiro livro publicado foi “Carlito e os homens da Caverna”. O interessante foi que esse livro foi escrito em apenas três semanas.
Lembro-me de que Rizzini levou o livro pronto para a Editora Brasiliense, dirigida por Arthur Neves, amigo íntimo de Monteiro Lobato. O original foi lá, com a recomendação de que retornasse uma semana depois.
A alegria de Rizzini foi grande, porque Arthur Neves concordou em publicá-lo, porém, aconselhou-o:
“-Dedique seu livro à memória de Lobato, pois seu estilo é por demais parecido com o dele. É o que a crítica vai achar...”
Essa observação causou-lhe estranheza. Se havia qualquer semelhança, havia acontecido à sua revelia. Isso o deixou incomodado, mas mesmo assim, o livro foi publicado em 1951.
Com certeza, naquela ocasião, Rizzini não tinha, ainda, percepção da própria mediunidade, no sentido de que, através dela pudesse escrever um livro por influência oculta dos Espíritos.
Depois disso, em 1953, Rizzini publicou, pela Editora Piratininga, o livro “Histórias de Dona Santinha”, contendo inclusive lindas ilustrações que, inexplicavelmente, não trouxeram a assinatura do desenhista.
Naquele mesmo ano, Rizzini publicou, pela Editora Correio Fraterno, o livro “A vida de Monteiro Lobato”. Nessa biografia, as informações sobre a infância do escritor foram fornecidas pela sua viúva, a senhora Purezinha Lobato.
Rizzini afirmou “ser essa obra de inspiração mediúnica, pois o estilo revelava a presença do Espírito de Lobato, sem dúvida”.
Esse livro mereceu a crítica muito positiva de renomados escritores, tais como: Homero Silveira, da Academia Paulista de Letras; Edgard Cavalheiro; Menotti Del Picchia, da Academia Brasileira de Letras; Maria de Lourdes Teixeira, da Academia Paulista de Letras.
Diversas outras pessoas de renome escreveram o seguinte sobre o livro:
Cecílio J. Carneiro: “Acredito ser este, ressuscitado pela pena de Rizzini, o Lobato que a infância esperava...”.
Waldemar Cavalcante: “Entre as homenagens que se tem, com justiça, prestado à memória de Monteiro Lobato, uma estava faltando – exatamente a mais necessária: um livro que pusesse diante dos olhos da juventude brasileira a figura humana de seu maior contador de história. Pois esse livro foi agora escrito por Jorge Rizzini.”
Leonardo Araujo, da Academia Paulista de Letras: “Esta biografia complementa a literatura de Monteiro Lobato. É o seu apêndice natural; o fecho que faltava para as crianças que ainda hoje se divertem com os personagens do Sítio do Pica pau Amarelo.”
Fidelino de Figueiredo, historiador português: “Um livro que é também uma boa ação, porque faz justiça e educa. Aqui vão as minhas calorosas felicitações”.
Roger Bastide, sociólogo francês: “Gostei particularmente da atmosfera das crianças na fazenda, este gosto pelo grupo e pelo segredo que dirige as explorações misteriosas e as relações poéticas da criança com o adulto”.
José Herculano Pires, escritor, jornalista e filósofo: “A vida de Monteiro Lobato: leitura apaixonante; é um livro que evoca Lobato na plenitude de sua inteligência, de sua coragem, do seu idealismo, de sua permanente vivacidade intelectual. A urdidura deste livro revela uma vocação rara entre nós...”.
Carlos Drumond de Andrade, da Academia Brasileira de Letras: “Quanto a mim, só me resta saudar o autor pelo carinho com que procurou falar à alma infantil, através dessas páginas.”
Além desses três livros, Rizzini escreveu ainda, nessa sua fase de literatura infanto-juvenil, “Aventuras na Cidade Perdida”, peça para teatro, premiada com o “Prêmio Narizinho”, pelo Departamento de Cultura do Estado de São Paulo.
Julgo importante registrar que, após essa fase, Rizzini nunca mais escreveu literatura infanto-juvenil.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário