quarta-feira, 24 de março de 2010
INÍCIO DA MEDIUNIDADE DE JORGE RIZZINI
IRACEMA SAPUCAIA RIZZINI FALA SOBRE O AFLORAMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE DE JORGE RIZZINI
Buscando registrar em detalhes as contribuições valiosíssimas prestadas por Jorge Toledo Rizzini ao Movimento Espírita, realizamos a presente entrevista com sua esposa Iracema Sapucaia Rizzini, pedagoga e escritura de livros infantis.
São recordações de acontecimentos relevantes, que movimentaram o protagonista e o colocaram em ação e em destaque no meio de muitos fatos espíritas marcantes.
Iracema Sapucaia, como participante e testemunha ocular das realizações de Jorge Rizzini, dignou-se a documentar as suas lembranças.
Nesta primeira parte da entrevista concedida a Geziel Andrade, fala sobre o afloramento e o desenvolvimento da mediunidade de Jorge Rizzini, que, com o passar do tempo e a sua dedicação ao Espiritismo, o levou a ter uma atuação impressionante no meio espírita, produzindo o legado que o notabilizou.
OS PRIMEIROS CONTATOS DE IRACEMA SAPUCAIA COM JORGE RIZZINI E O AFLORAMENTO DE SUA MEDIUNIDADE
GEZIEL: Como a senhora conheceu Jorge Toledo Rizzini?
IRACEMA SAPUCAIA: Conheci o Jorge num centro espírita que ficava na Rua da Liberdade, aqui na cidade de São Paulo. E nos casamos em dezembro de 1947.
Freqüentávamos as sessões de desenvolvimento mediúnico que eram dirigidas pela senhora Esteva Quaglio. Eu a conhecera na Federação Espírita do Estado de São Paulo, através de palestras. Foi ela quem nos apresentou.
Naquela época, o Jorge morava em companhia do pai e da madrasta perto de minha residência. Haviam vindo do Rio de Janeiro, onde moravam.
Jorge estava sofrendo intensamente em conseqüência da mediunidade que vinha aflorando de modo ostensivo. Desde os seus 17 anos, sofria constantemente a influência de espíritos obsessores. Era atormentado principalmente à noite, quando em seu quarto.
Às vezes, o seu sofrimento tornava-se insuportável. Então ele saía para a rua e procurava locais iluminados para se “proteger”.
Foi exatamente por essa razão que ele começou a freqüentar o centro espírita dirigido por dona Esteva. Mas, o seu sofrimento foi também sendo amenizado depois que conheceu dois rapazes, que se tornaram seus amigos: Paulo e Nino, filhos de dona Maria Vitali, que era espírita.
Quando o Jorge saía de madrugada, tinha a permissão de dirigir-se à pé à casa desses amigos, que o recebiam bondosamente. Nessas ocasiões, rezava com dona Maria Vitali e, depois de receber um passe, recolhia-se a uma cama, de antemão “reservada” a ele!
Dona Maria Vitali era, de fato, uma espírita sincera. Devemos muito à sua generosidade.
Penso que a fase mais difícil da vida do Jorge foi essa. Pude observar que o sofrimento arrancou de seu íntimo tudo quanto ele guardava de mais nobre, mas também de doloroso e terrível.
O AFLORAMENTO E DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE DE JORGE RIZZINI
GEZIEL: Pode-se dizer então que o afloramento e mesmo o desenvolvimento da mediunidade de Jorge Rizzini foram marcados por perturbações e sofrimentos?
IRACEMA SAPUCAIA: Não só isso. Um fato favorável foi ele ter nascido em um lar espírita. O seu pai, Joaquim de Andrade Rizzini, também era médium e trabalhava num centro espírita no subúrbio do Rio de Janeiro.
Mas a mediunidade em Jorge Rizzini floresceu cedo. A partir dos 10 anos de idade, já participava das sessões espíritas dirigidas pelo seu pai, também com a participação dos irmãos, da mãe e da avó paterna. Era uma mediunidade que se despontava com um pouco de tudo: vidência, efeitos físicos, etc., apesar de ser criança.
Mas essa mediunidade acentuou-se a partir dos 17 anos, após o falecimento de sua mãe, dona Cecília e ter vindo para São Paulo, acompanhando seu pai e sua madrasta.
Com esse desenvolvimento progressivo da mediunidade, ele via os Espíritos, sentia-os e ouvia-os. Várias vezes, ao passar pelo corredor da casa que o levava ao quarto, os Espíritos chegavam a encostar-se contra a parede para que Rizzini pudesse passar. O assustador era que não eram Espíritos benfazejos; pelo contrário.
Em compensação a isso, preocupado com a necessidade de arrumar um emprego, aconteceu-lhe algo extraordinário, que ele mesmo narrou em seu livro “Antologia do Mais Além”:
“Às cinco horas da tarde, o sol entrando pela janela do quarto, vi, defronte à estante, minha mãe de corpo inteiro a me sorrir! Ela, que havia desencarnado aos 43 anos de idade (já faziam dois anos) e me deixara tanta saudade... Dias depois, à noite, no quarto, vi, maravilhado, uma grande bola de luz, vagando na escuridão e essa visão me trouxe muita paz, pois eu sabia ser mamãe. Papai havia casado de novo e a madrasta, infelizmente, nos trouxera grandes complicações, mas mamãe não se esquecera dos filhos...”
Foi nessa época penosa que Rizzini conheceu D. Maria Vitali, quem o encaminhou para o Centro Batuíra, localizado na Rua da Liberdade, onde dona Esteva Quaglio dirigia as sessões de desenvolvimento mediúnico.
Foi numa dessas sessões que nos conhecemos. Ele ainda estava numa fase muito difícil em relação à mediunidade. Eu, porém, o compreendi, por ter passado pelo mesmo sofrimento.
Sobre o nosso encontro, Rizzini escreveu:
“Na sessão dirigida por dona Esteva foi que conheci Iracema. Era ela médium de incorporação e vidente. Fato notável é que toda a sua família e a minha eram de Taubaté e muitos dos nossos parentes se conheciam sem que nós soubéssemos – e nos viemos a conhecer num centro espírita! E nos casamos...”.
NOTA: A continuação desta entrevista será publicada em outros artigos, neste mesmo blog.
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