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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
POEMA DE NATAL DO ESPÍRITO GUERRA JUNQUEIRO
JORGE RIZZINI E O POEMA DE NATAL DO ESPÍRITO GUERRA JUNQUEIRO
O Espírito de Abílio Manuel Guerra Junqueiro (Portugal, 17/set/1850 a 07/julho/1923) escreveu inúmeros poemas através da mediunidade de Jorge Rizzini.
Assim, deu provas da sobrevivência da alma à morte do corpo material, revivendo sua forma poética peculiar de expressão.
Neste tributo a Jorge Rizzini, e em comemoração ao Natal de Jesus, reproduzimos abaixo um dos maravilhosos poemas desse Espírito poeta, intitulado:
O NASCIMENTO DE JESUS
Oh, que noite fria em toda a Palestina!
Tremem estrelinhas pelo céu fulgente...
Ninguém pelas ruas, ninguém na campina...
Só os cães sem dono vagam pela esquina,
A ladrar à lua, dolorosamente!...
Mas, já pouco a pouco vem rompendo o dia...
Deus recolhe os astros, já guardou a lua...
Já não é tão frio... Foi-se a ventania!
Já os galos cantam, canta a cotovia,
E os cães se alegram com o sol na rua!
Palestina acorda... Mas, em Nazaré,
Já faz muito tempo despertou Maria...
Ei-la em um burrico que comprou José!
Vai sentada ao lombo e o marido a pé,
Ambos p’ra Belém antes que finde o dia!
O recenseamento era obrigatório.
Era Lei de Roma; proclamara Augusto!
E José e Maria vão para o cartório,
Toc, toc, toc, p’ro interrogatório,
Num jerico velho, animal sem susto!
E o jerico manso com intrepidez,
Toc, toc, toc, vai estrada afora,
Com Maria em cima já com palidez,
Pois tem dores fortes – oh, é a gravidez?...
Ai, meu Deus, não deixe que lhe chegue a hora!
Mas, Belém já surge pequenina e bela!
Com a lei de César, quanto povo à rua!
E José procura com Maria à sela
As hospedarias, mesmo sem janela,
Onde o sol não bate nem a luz da lua!
“Oh, meu Pai Divino, que a minh’alma adora!
Vem baixando a noite e não se encontra um quarto!”
E Maria ora, pois José demora,
Procurando longe p’ra Nossa Senhora,
Um local qualquer onde se faça o parto!
E o burrico meigo de pêlo castanho,
Ao ouvir Maria soluçar na prece,
(Curioso bicho! Que animal estranho!)
Nos seus olhos claros, claros como o estanho,
Uma gota d’água, trêmula, aparece!...
Mas, não pressentiu o que notou Maria...
Da sentida prece Deus estava à escuta!
Já por sobre ambos, oh! que luz havia!
E José guiado por sublime Guia
Comunica, alegre: “-Encontrei uma gruta!”
E p’ra bem distante, toc, toc, toc,
Vai o burriquito; como é delicado!
Vai devagarinho, toc, toc, toc,
Sem pisar em pedra, evitando choque,
Como se soubesse de Maria o estado!
Vira, sim, José naquela noite escura
Colossal rochedo com um buraco fundo;
Ter um parto ali? Era uma aventura!
Mas o Guia disse:”-Cumpra-se a Escritura...”
E nasceu Jesus, o Salvador do Mundo!
Quem testemunhara o epopéico lance?
Nem o bom jerico e nem sequer José...
Mal entrou na gruta o médium teve um transe!
E o jerico amigo – que ninguém avance!
Não saiu da entrada, vigiando em pé!
Mas, na solidão da madrugada fria
A velar no campo rebanhos de ovelhas,
Dez pastores viram – como ele luzia! –
A descer do espaço o mensageiro, o Guia,
Fulgurante estrela a irradiar centelhas!
“Meus irmãos (lhes disse) trago a Boa Nova!
Vão-se transformar deste planeta as leis.
O Messias veio! Disso eu vos dou prova:
Na montanha bruta Deus fez uma alcova,
Onde está o Infante que é o Senhor dos Reis!...
Como vós é humilde e em manjedoura jaz,
Envolvido em faixas de tecido novo!
Glória a Deus na Altura! Fique a Terra em paz!
Ide agora vê-lo, que isso vos apraz,
Mas o que vos conto divulgai ao povo!...
E os pastores viram que dos Céus descia
Legião de Luz (oh, que visão fulgente!):
Os Titãs de Deus a arrebanhar o Guia,
E, em cintilações brilhantes como o dia
Dirigir do espaço os Magos do Oriente!
Contemplava a Mãe ainda em seu regaço
A criança linda, seu maior tesouro!
Que olhinhos puros! Como estica o braço!
Com apenas horas já quer dar o passo...
Que cabelos fulvos! Pareciam ouro!
Mas, por um instante ela empalideceu...
Que pressentimento em sua alma terna!
Que destino Deus traçou p’ro Filho seu?
E apertou-o ao peito e, enfim, adormeceu...
-Oh, divino quadro de beleza eterna!
(Poema inserido no livro
“Antologia do mais Além,
3ª. Edição, 1993, Editora
Espírita Paulo de Tarso.)
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